terça-feira, 22 de março de 2005

Acaso


Não é por acaso
Não é sem querer
Sempre faço estas coisas
Elas sempre acontecem
Não é por acaso
Sinto dor só para doer
Dói só para sofrer.
Não é sempre que percebo
Às vezes não acontece
Mas se acontecer...
Não é por acaso
Não é (sempre) sem querer
O que eu quero, eu procuro.
ão encontro, mas acontece
Não é por acaso
Mas tudo é tão rápido
Não é sem querer
Nunca mais vai ser igual
Nunca antes foi diferente
Não é por acaso
Mas hoje quero ser feliz
Não quero esquecer
Mas quero ser feliz
Pode acontecer
Um dia pode ser
Um dia vou ser feliz
Mas não vai ser por acaso
Um dia vai acontecer
Vou sentir dor e continuar contente
O problema é bem maior.
Não é que seja eu
É que realmente não sou eu.
Não é por acaso
Nunca antes foi e hoje não vai ser
Por acaso hoje não reclamei
Sei que não é por acaso
Queria muito que fosse
Tudo passa, mas até quando?
Tudo passa, não por acaso.
Mas essa dor que venho sentindo?
Não é por acaso que tudo passa?
Não. Acho que não vou ser feliz!
Acho que não vai acabar
Um passo incerto no escuro
Totalmente ao acaso
Não, não quero nada
Não é, nem nunca foi sem querer
Nunca foi sem quererNunca foi
Nunca antes
Espero um dia acordar
Espero um dia pensar
Espero um dia entender
Saber, quem sabe...
Por que não é por acaso?
Por que (nunca) é sem querer.

By lordcaio

segunda-feira, 21 de março de 2005

A chuva melancólica

Coração melancólico...
Sangue de pulsos cortados,
Escoado para um cálice de ouro
Bebo e saboreio a minha dor
Como se de vinho se tratasse
Ao som da chuva tento adormecer
Mas o sono não me trás esquecimento
Passeio-me por corredores vazios
Decorados com pinturas sem vida
Olho através das janelas,
Do meu palácio assombrado
E vejo os jardins vazios
Tudo vazio…

Os rostos nos meus sonhos
As memórias de quando era herói
Tudo se resume ao vazio
Pois os rostos nos meus sonhos
Vêm por mim
Lembrando-me de que já não sou herói
Apenas me resta este cálice de ouro
Onde bebo este néctar amargo,
Néctar que não me deixa enlouquecer…

segunda-feira, 14 de março de 2005

IMAGEM PERDIDA

IMAGEM PERDIDA Kali
Desejava seu ventre corrompido pelo gozo
Seus corpos nesse sexo tão exposto.
Amá-lo até o fim de sua vida
Suas bocas para sempre em clausura.
Sua única saída.

E tanto desejou que a imagem então se aproximou
E, num ímpeto, ao encontro dela se arremessou.

Nem os estilhaços do espelho, Nem o sangue em vermelho
Lhe fez compreender
Que foi tanto o amor que se verteu
Que nela já não estava mais seu eu
Que aquele corpo no espelho era mesmo o seu
Não o corpo ao encontro do qual se arremeteu
Não o corpo do desejo que a ensandeceu

E o que restou além dos estilhaços
Foi uma lágrima em meio ao sangue chorando a imagem que se perdeu.