sexta-feira, 1 de abril de 2005

(...)

Lentamente a lâmina fria deslizou sobre seu trêmulo pulso - desta vez a brincadeira era séria! Desta vez a dor que havia em seu coração suprimiu a dor daquele fino corte. Sentiu seu sangue quente escorrer pelo seu braço até o cotovelo, para depois cair em lentas e pesadas gotas até o chão. Com a mesma despreocupada calma repetiu o ato em seu outro pulso - desta vez com mais vigor, o medo da dor e da morte há tempos não existia mais.

Por ironia do destino ou por mera brincadeira de deus aquele não foi o seu fim e ao término da tarde do dia seguinte acordou-se e olhou a sua volta. Estava confuso, sem noção de tempo e espaço. Sentia sede, frio, dor...

Sentia-se sujo, sentia-se vazio! Em seu peito não sentia mais seu coração... em seu peito não havia nem cinzas de uma paixão que queimou muito por muito pouco tempo. Chegou a pensar que realmente morrera, que lograra êxito em seu intento, mas tudo era muito confuso.

Arrastou-se até o banheiro, apoiou-se na pia e com dificuldade levantou-se. Fitou por longos minutos o espelho, e do espelho olhos vazios em um rosto pálido devolviam o olhar. Sentiu suas mãos umidecerem, levantou lentamente os braços e, ao ver um filete de sangue sair de sua branca pele compreendera que falhara.

By lordcaio

Um comentário:

Anônimo disse...

Suas palavras são de uma profundidade incrivel , o sentimento de dor que não existe se confunde com o amargo coração desta pobre criatura que já nao mais vê sentido na vida ...Entendo..Parabéns voce escreve muito bem...