segunda-feira, 3 de agosto de 2009


Um anjo triste encostou hoje a cabeça no meu ombro e chorou. Fiquei sem palavras. Como se consola um anjo? Que perdas choraria em meu ombro essa criatura celestial? Que dores angelicais justificariam a humanidade desse ato inesperado aquecendo a palidez desse dia tão igual aos outros? Nenhuma palavra destravou a minha língua, nenhuma intuição a quebrar a minha paralisia súbita... Às minhas costas, o anjo absoluto e humanamente desamparado recostou a cabeça na breve eternidade dos meus ombros e chorou. Senti suas lágrimas escorrerem para dentro de mim como uma chuva pesada e quente.

Anjo tresloucado, tão breve, tão necessário... Chorava a minha tristeza.

Ainda sem palavras, sinto o coração aquecido por um afago angelical.